sexta-feira, agosto 05, 2011

Canto a um aço no peito


Eu tenho as mãos cansadas
eu levo as mãos envelhecidas
eu trago as mãos calejadas.
Recolho as mãos sanguentadas.

O líquido flui espesso
o coração pulsa compasso
o sangue atinge vermelho.
Regiões se enchem extremas.

O pulso entumece estanque
o jorro explode nos dedos
o punhal se aquece empunhado.
Reluz o frio acordado.  

A morte em sangue nascida
a partir de um coração
alcança outro sangue outra morte.
Renascida de um punhal.

Ela tem o peito apertado
ela leva ao peito as suas mãos
ela traga o aço em seu peito.
Reencontra o peito a ferida

Ela teve o aço em si seduzido
ela não leva a culpa escondida
ela trouxe o amor pra outra vida.
Recebe assim mesmo a ferida.

Antes que o sangue contido
aqueça o frio metal e
atinja o peito antes vivo.
Recolho as mãos sanguentadas,
retiro a morte da vida.

.

Les Toréadors


a fúria
vem de muito mais que a cachaça
de graça vende o mundo mais que a gente
a fúria vem da desgraça
que o amor destila na taça
de cada dose de gente
que o copo põe
pra gente
a fúria
torna
a taça
o que
a taça
torna
a gente.

.

quarta-feira, agosto 03, 2011

mineralógica

cornalina linda
do
meu
do nosso
coração ainda
bem

turmalina gata
do
pulo
manhoso
de paixão ainda
bem

ametista amada
por
mim
por todo
o mundão ainda
bem

malaquita amiga
que
briga
por nós
em tesão ainda
bem

rubelita roxa
tens
sob céu
purpúreo
tua coxa
ainda bens

obsidiana calma
que
bem
me faz
cada dia ainda
mais bem

hematita o medo
não
tem
meu endereço
espero a ti
ainda bem

nosso amor turquesa
eu
peço
mais nada
pra ser tua beleza
ainda meu bem

.

segunda-feira, agosto 01, 2011

primeiro de agosto de belo horizonte de dois mil e onze



estrada inicia
no início ela é longe
longa ela se aperta
no aparte de amantes
ante ela é a estrada
a estrada é na reta
direto na curva
curvado eu espero
de esporas no tempo
o tempo é um vento
se sopra do sul
em sinuosa reta
retilínia espera
a estrada é um vento
a estrada é um tempo
a espera é riscada
em duplo amarelo
resta um reduto de estrada
corta esse tempo de jeito
encurta a jornada
o peito já sente
a estrada pousada:
belo é te ver no horizonte.

.