sexta-feira, maio 20, 2011

o que o quixote esqueceu de dizer



mas eu te amo tanto, mas tanto, mas tanto
que nem sei se esse amor tanto
é um amorzinho normal
ou um exagero desnatural

num vou falar é mais nada
senão começa a poetada
e ocê num merece um nada
se nada for genial

parei pra escrevê uns verso
só pra mostrar meu apreço
procê, amor mais gostoso
doce muié del toboso

pois se nada eu escrevesse
se nada escrito eu tivesse
eu chorava que nem criança
pois quem nada sempre alcança

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terça-feira, maio 17, 2011

tarde de sonho e jardim




no arrabal albaicín
encontrei um palácio
mourisco por fora, por dentro e por trás

na morada alcazaba
encontrei um jardim
riscado de odores tomilho e albarraz

no jardim alhambrino
encontrei bem no meio
uma pedra perdida entre as flores de abril

sob a pedra negra
encontrei escondido
um fino tecido em carmim cachemir

sob o manto rubro
encontrei um pergaminho
coberto de letras pintadas em mel

no símbolo bruxo
encontrei o caminho
que torna à saida pro bairro albaicín

sonhei que ao invés
de haver uma pedra
e debaixo da pedra, o xale e o bilhete

sonhei que por baixo
da pedra sagrada
era o meu nome escrito em tua pele febril

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segunda-feira, maio 16, 2011

Orvalhos na sua frente



Eu ficom vergonha de ter orvalhos na sua frente
Eu ficom vergonha de ser otários na sua frente
Eu ficom vergonha de ter ocasos na sua frente
Eu ficom vergonha de ser ousados na sua frente
Eu ficom vergonha de ser orgasmos na sua frente

A vida vem em ondas como quantums.

Eu tenho vergonha dos opiáceos à sua frente
Eu tenho vergonha dos oleados à sua frente
Eu tenho vergonha dos ordenados à sua frente
Eu tenho vergonha dos operários à sua frente
Eu tenho vergonha dos oceanos à sua frente

Você e eu não temos ideia de como é ruim ter ideias. Por isso são geniais as suas.

Eu sou vergonha se sem vergonha por sua frente
Eu sou insônia se não coloco por sua frente
Eu sou colônia se invadido por sua frente
Eu sou maconha se for tragado por sua frente
Eu sou cegonha se ordenhado por sua frente

Tudo está tão certo: vergonhosamente ir e vergonhosamente voltar

Eu sou remédio se re me dado em seu corpo quente
Eu tenho vergonha de ter vergonha (você não mente)
Você é a vergonha que eu ver ganhada me muda a gente

Só você me dirige a palavra: deixa eu só te amar.


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domingo, maio 15, 2011

felicidadezinha




eu vi a felicidade
e ela zombou de mim

era um metro e vinte de felicidade
e ela aumentou o mim

tomei um banho de felicidade
e a ducha era tão pequena

que eu fiquei assim

o que faço agora?
quem eu amo agora?

eu vi a felicidade
e a felicidade tomou conta

deixo a poesia pra depois
prefiro falar
agora só de arroz

mortos logo ressuscitarão
e meu paladar
morre ao falar feijão

mando a poesia se mancar
prefiro andar
por sobre nós dois

ou somos já três?

as três mentirinhas logo acima
é sempre bom de falar
e quase sempre rima

o que a gente acontece é viagem que
nunca vai passar
de uma grande bobagem

tudo o que acontece com a gente
nunca vai passar

eu vi sua felicidade
com cabelos e olhos negros
e uma infância que nem se eu quisesse
nunca vai passar

to me.



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